O que me causa hoje encanto?
E tanto espanto?
Ele, claro.
Ele?
Ah, ele é poesia sem linha nem rima,
em pura prosa
que conta um conto que inclui um menino, uma ladeira, uma bicicleta
uma escada,
e um riso largo, muito largo...
As palavras dele se confundem com os pensamentos meus
e os meus pensamentos reverberam
e silenciam, dizendo, por fim:
“Não é certo, mas também não é errado.”
Moralidade, oralidade, idade, dade, de, e...
Não é errado, mas também não é certo.
Porque, no limite do que é possível, há o encontro
de duas almas, duas histórias, duas vidas,
aflorando a minha alma, a minha história, a minha vida.
E se reflete nele um eu que eu queria ser. Mas que se fosse não o seria.
Pois, entre eu e ele
são tantas as distâncias,
que juntas dão a volta ao mundo
e nos colocam naquele mesmo lugar
em convergência.
Repetidamente.
Na sua ausência, ele permanece
nas idéias e pensamentos
acerca do tempo que passou e da experiência que ganhei.
O mesmo tempo que me tornou aquilo que nos aproxima,
sendo aquilo que também nos afasta.
A experiência me permite a ingenuidade.
Nele, só a ingenuidade lhe concede a experiência.
Pudera ter-me sem ele de volta,
pois impossível agora é conviver com a efemeridade
da memória
de um momento em prosa
Que, por ser eterno, sinto já acabou.
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