sábado, 12 de abril de 2008

Linhas


Histórias que escorrem nas linhas
do secar do suor do cansaço
do secar da lágrima do rosto
seu e meu.

Histórias narradas nas linhas
do papel, da caneta, da folha
principalmente da folha
que caiu e se esqueceu.

Histórias que nas marcas das linhas
registram o que foi (des)memória.
Foi o gatilho puxado na melhor ou pior das horas?
Foi o punho fechado pra conter ou descontar a ira?

Histórias que abraçam as linhas que se estendem em linhas de outrem
(Vem!Vem que hoje eu só quero
o calor carinhoso do amparo
o calor trêmulo do afago
que jorra da ponta dos seus dedos...)

Histórias contadas nas linhas
que se emaranham e ganham
a extensão exata da

vida

em foco e
centralidade,
marcada pela brevidade de um cigarro aceso na mão.



(Foto: Max Rocha )

Um comentário:

The tone disse...

Um lindo exemplo de como você deveria começar a ganhar dinheiro com a poesia.
A figura foi perfeita. Daí a gente já imagina que algo vai se desdobrando, criado asas e ainda que envolto em dúvidas da dubiedade da vida, mas tendo ela como elemento central. Muito interessante as ferramentas do concretismo, e a camada de sentido das linhas e da história. (ou estória? tem diferença hoje em dia?)
Me curvo e te aplaudo!